1. A Estrela Verde
"Era uma vez,
milhões e milhões de estrelas no céu. Havia estrelas de todas as cores:
brancas, lilases, prateadas, douradas, vermelhas e azuis. Um dia, elas
procuraram o Senhor Deus Todo-Poderoso e disseram-lhe: “Senhor Deus,
gostaríamos de viver na Terra, entre os homens.” "Assim será feito" -
respondeu Deus - "Conservarei todas vocês pequeninas como são vistas e
podem descer até a Terra." Conta-se que naquela noite houve a mais linda
das chuvas de estrelas. Algumas aninharam-se nas torres das igrejas, outras
foram brincar e correr com os vaga-lumes dos campos, outras misturaram-se aos
brinquedos das crianças e a Terra ficou maravilhosamente iluminada.
Passado algum
tempo porém, as estrelas resolveram abandonar os homens e voltar para ao céu,
deixando a Terra outra vez escura e triste. "Por que voltaram?"
perguntou Deus à medida em que chegavam novamente ao céu. "Senhor, não nos
foi possível permanecer na Terra; lá existe muita desgraça, muita fome, muita
violência, muita injustiça, muita maldade, muita doença." E o Senhor lhes
disse "Claro, o lugar real de vocês é aqui no céu, estamos no lugar da perfeição,
no lugar onde tudo é imutável, onde nada perece." Depois de chegadas todas
as estrelas e conferindo-lhes o número, Deus tornou a falar: "Mas está
faltando uma estrela... Perdeu-se pelo caminho?" Um anjo, que estava
perto, replicou: "Não, Senhor, uma estrela resolveu ficar entre os homens.
Ela descobriu que o seu lugar é exatamente onde existe imperfeição, onde há
limites, onde as coisas não vão bem." "Mas que estrela é essa?"
- voltou Deus a perguntar. "Por coincidência, Senhor, é a única estrela
dessa cor." "E qual a cor dessa estrela?"- insistiu Deus. E o
anjo disse: "A estrela é verde, Senhor, a estrela verde do sentimento da
esperança." Quando então olharam a Terra, a estrela já não estava só. A
Terra estava novamente iluminada, porque havia uma estrela verde no coração de
cada pessoa. Porque o único sentimento que o homem tem e Deus não tem é a
esperança. Deus já conhece o futuro, enquanto que a esperança é própria da
Natureza Humana. Daquele que cai, daquele que erra, daquele que não é perfeito,
daquele que não sabe ainda como será o seu futuro."
- Primeiro o texto
foi lido.
- Depois fiz várias
estrelas verdes de papel, uma para cada participante da reunião.
- Coloquei para os
professores que eles são a estrela verde de cada aluno na escola. Pedi que
cada um escrevesse dentro da estrela como ele poderia iluminar a vida dos
alunos que mais precisam de atenção em sua sala de aula.
- As estrelas foram
trocadas entre os participantes e lidas.
2. Oração da Escola
Gabriel Chalita
Obrigado, Senhor,
pela minha escola!
Ela tem muitos
defeitos. Como todas as escolas têm. Ela tem problemas, e sempre terá. Quando
alguns são solucionados, surgem outros, e a cada dia aparece uma nova
preocupação.
Neste espaço sagrado, convivem pessoas muito diferentes. Os estudantes vêm de famílias diversas e carregam com eles sonhos e traumas próprios. Alguns são mais fechados. Outros gostam de aparecer. Todos são carentes. Carecem de atenção, de cuidado, de ternura.
Neste espaço sagrado, convivem pessoas muito diferentes. Os estudantes vêm de famílias diversas e carregam com eles sonhos e traumas próprios. Alguns são mais fechados. Outros gostam de aparecer. Todos são carentes. Carecem de atenção, de cuidado, de ternura.
Os professores são também diferentes. Há
alguns bem jovens. Outros mais velhos. Falam coisas diferentes. Olham o mundo
cada um à sua maneira. Alguns sabem o poder que têm. Outros parecem não se
preocupar com isso. Não sabem que são líderes. São referenciais. Ou deveriam
ser.
Funcionários.
Pessoas tão queridas, que ouvem nossas lamentações. E que cuidam de nós.
Estamos juntos todos os dias. Há dias mais quentes e outros mais frios. Há dias
mais tranqüilos e outros mais tumultuados. Há dias mais felizes e outros mais dolorosos.
Mas estamos juntos.
E o que há de mais
lindo em minha escola é que ela é acolhedora. É como se fosse uma grande mãe
que nos abraçasse para nos liberar somente no dia em que estivéssemos
preparados para voar. É isso. Ela nos ensina nossa vocação. O vôo. Nascemos
para voar, mas precisamos saber disso. E precisamos, ainda, de um impulso que
nos lance para esse elevado destino.
Não precisamos de uma
escola que nos traga todas as informações. O mundo já cumpre esse papel. Não
precisamos de uma escola que nos transforme em máquinas, todas iguais. Não.
Seria um crime reduzir o gigante que reside em nosso interior. Seria um crime
esperar que o vôo fosse sempre do mesmo tamanho, da mesma velocidade ou na
mesma altura.
Minha escola é acolhedora. Nela vou permitindo que a semente se transforme em planta, em flor. Ou permitindo que a lagarta venha a se tornar borboleta. E sei que para isso não preciso de pressa. Se quiserem ajudar a lagarta a sair do casulo, talvez ela nunca tenha a chance de voar. Pode ser que ela ainda não esteja pronta.
Minha escola é acolhedora. Sei que não apreenderei tudo aqui. A vida é um constante aprendizado. Mas sei também que aqui sou feliz. Conheço cada canto desse espaço. As cores da parede. Os quadros. A quadra. A sala do diretor. A secretaria. A biblioteca. Já mudei de sala muitas vezes. Fui crescendo aqui. Conheço tudo. Passo tanto tempo neste lugar. Mas conheço mais. Conheço as pessoas. E cada uma delas se fez importante na minha vida. Na nossa vida.
E, nessa oração, eu Te peço, Senhor, por todos nós que aqui convivemos. Por esse espaço sagrado em que vamos nascendo a cada dia. Nascimento: a linda lição de Sócrates sobre a função de sua mãe, parteira. A parteira que não faz a criança porque ela já está pronta. A parteira que apenas ajuda a criança a vir ao mundo. E faz isso tantas vezes. E em todas às vezes fica feliz, porque cada nova vida é única e merece todo o cuidado.
Obrigado, Senhor, pela minha escola! Por tudo o que de nós nasceu e nasce nesse espaço. Aqui, posso Te dizer que sou feliz. E isso é o mais importante. Amém!
Minha escola é acolhedora. Nela vou permitindo que a semente se transforme em planta, em flor. Ou permitindo que a lagarta venha a se tornar borboleta. E sei que para isso não preciso de pressa. Se quiserem ajudar a lagarta a sair do casulo, talvez ela nunca tenha a chance de voar. Pode ser que ela ainda não esteja pronta.
Minha escola é acolhedora. Sei que não apreenderei tudo aqui. A vida é um constante aprendizado. Mas sei também que aqui sou feliz. Conheço cada canto desse espaço. As cores da parede. Os quadros. A quadra. A sala do diretor. A secretaria. A biblioteca. Já mudei de sala muitas vezes. Fui crescendo aqui. Conheço tudo. Passo tanto tempo neste lugar. Mas conheço mais. Conheço as pessoas. E cada uma delas se fez importante na minha vida. Na nossa vida.
E, nessa oração, eu Te peço, Senhor, por todos nós que aqui convivemos. Por esse espaço sagrado em que vamos nascendo a cada dia. Nascimento: a linda lição de Sócrates sobre a função de sua mãe, parteira. A parteira que não faz a criança porque ela já está pronta. A parteira que apenas ajuda a criança a vir ao mundo. E faz isso tantas vezes. E em todas às vezes fica feliz, porque cada nova vida é única e merece todo o cuidado.
Obrigado, Senhor, pela minha escola! Por tudo o que de nós nasceu e nasce nesse espaço. Aqui, posso Te dizer que sou feliz. E isso é o mais importante. Amém!
3. A arte de ser feliz
Cecília Meireles
Houve um tempo em
que minha janela se abria
sobre uma cidade
que parecia ser feita de giz.
Perto da janela
havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de
estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia
morto.
Mas todas as manhãs
vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia
atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega:
era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as
plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e
meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a
janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes
encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que
vão para a escola.
Pardais que pulam
pelo muro.
Gatos que abrem e
fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas,
duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que
sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo
canta.
Às vezes, um avião
passa.
Tudo está certo, no
seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto
completamente feliz.
Mas, quando falo
dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de
cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só
existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é
preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
- Leitura do poema.
- Cada um recebeu uma janela, nela
deveria ser escrito o que ele vê e o faz feliz.
·
4. Ver Vendo
Otto Lara Rezende
De tanto ver, a
gente balaniza o olhar – ver... não vendo.
Experimente ver,
pela primeira vez, o que você vê todo dia, sem ver.
Parece fácil, mas
não é: o que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade.
O campo visual da
nossa retina é como o vazio.
Você sai todo dia,
por exemplo, pela mesma porta.
Se alguém lhe
pergunta o que você vê pelo caminho, você não sabe.
De tanto vê, você
banaliza o olhar.
Sei de um
profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu
escritório.
Lá estava sempre,
pontualíssimo, o porteiro.
Dava-lhe bom dia,
às vezes, lhe passava um recado ou uma correspondência.
Um dia o porteiro
faleceu.
Como era ele? Sua
cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia.
Em 32 anos nunca
consegui vê-lo.
Para ser notado o
porteiro teve que morrer.
Se, um dia, em seu
lugar tivesse uma girafa cumprindo o rito, pode ser, também, que ninguém desse
por sua ausência.
O hábito suja os
olhos e baixa a vontade. Mas a sempre o que ver; gente; coisa; bichos.
E vemos? Não, não
vemos.
Uma criança vê
aquilo que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpo para o espetáculo do
mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez, o que, de tão visto, ninguém
vê. O pai que raramente vê o próprio filho. O marido que nunca viu a própria mulher.
Os nossos olhos se
gastam no dia a dia, opacos.
...e por ai que se
instala no coração o monstro da indiferença.
- Leitura do texto
- Dividiu o grupo em pares, um de
frente p o outro. Enquanto um fecha o olho o outo teria que modificar uma
coisa no seu visual e outro teria que descobrir.
- Socializar e discutir como as vezes
não observamos as coisas a nossa volta. Como temos um olhar viciado, entre
outras conclusões bastante pertinentes para trabalhar os relacionamentos
interpessoais.
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